sábado, 27 de novembro de 2010

A Revolta da Chibata

100 anos de revolta da chibata 22 de Novembro dia de João Cândido símbolo contra a opressão no brasil

No dia 22 de novembro de 1910, diante de uma população atônita, tiros de canhão abalaram a cidade do Rio de Janeiro. Liderados por João Cândido Felisberto, conhecido como "Almirante Negro", marinheiros deram início à Revolta da Chibata, que reivindicava o fim dos castigos físicos na Marinha.

"A Revolta da Chibata" foi um movimento deflagrado pelos marinheiros contra os maus-tratos, que paralisou o coração do Brasil por quatro dias e custou a vida de dezenas de pessoas, entre civis e militares. A punição pela chibata até então era um hábito herdado da Marinha portuguesa. Os castigos tinham a função de educar na marra os supostos maus elementos que compunham os quadros inferiores.

Traídos, presos e torturados, os revoltosos foram expulsos da Marinha. Os marujos passaram por momentos muito difíceis. A anistia não durou dois dias. João Cândido foi um dos que mais sofreram perseguições, vindo a morrer muito pobre e doente. A sua prisão na Ilha das Cobras, foi marcada por atrocidades e barbaridades.

Após ser preso e torturado, o “Almirante Negro” foi internado num manicômio. Nos anos seguintes, enfrentou uma série de mazelas pessoais e familiares, sempre discriminado pela Marinha.

Imortalizado no samba "O mestre-sala dos mares", ele foi anistiado postumamente em julho de 2008. Agora a Revolta da chibata completa 100 anos, e o "Almirante Negro", um símbolo da luta contra a opressão no Brasil, merece destaque.

Durante a infância João Cândido viveu em Rio Pardo, no interior do Rio Grande do Sul. Filho de ex-escravizados, ele deixa cedo a vida na fazenda e alista-se na Marinha. Ali, ganha experiência viajando pelo Brasil e pelo mundo. Com bom trânsito entre os oficiais e admirado pelos companheiros, o jovem acaba liderando uma das mais importantes rebeliões populares do Brasil. O líder da revolta faleceu no Rio de Janeiro, em 1969, aos 89 anos.

O “Almirante Negro” chegou a levar fama de “perigoso”, no entanto pessoas que acompanharam sua vida após o fim da revolta afirmam que sua postura não condizia com isto. Mesmo assim sua vida foi marcada pela perseguição política, pela penúria e pelas tragédias pessoais.

Problemas financeiros, a dura rotina de trabalho descarregando peixe durante a noite e de madrugada, no entreposto da Praça XV, no Rio de Janeiro, as perdas trágicas da mulher e da filha e as recaídas constantes da tuberculose mascaram os últimos anos de vida de João Cândido.

O “Almirante Negro” passou de marinheiro a trabalhador braçal, recluso e doente. Teve a polícia em seu encalço até mesmo durante seu enterro.

Um comentário:

  1. A fonte deste texto de João Candido foi o afrobras.org.br, que está na minha lista de sites. Coloquei o texto aqui no meu blog porque acredito que devemos entender que a luta dos negros pela sua libertação e/ou respeito foi a sua principal arma.Desde os quilombos, passando pela revolta dos Malês na Bahia, e hoje com os movimentos negros brasileiros, todo esse processo de luta foi fundamental para que o negro ocupasse o lugar que vem ocupando,apesar dos preconceitos ainda existentes

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