sábado, 13 de novembro de 2010

O homem que grita

Premiado de Cannes 2010 tem exibição gratuita

Por Vanessa Teles

Quem estiver em Brasília na próxima terça-feira, dia 09 de novembro, poderá conferir a pré-estréia da produção cinematográfica Um homem que grita, do diretor africano Mahamat-Saleh Haroun. O filme de ficção foi vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2010 e está sendo aclamado pela crítica internacional.

Mahamat-Saleh Haroun, que nasceu em Abéché (Chade), conta a história dos que sofrem os horrores da guerra que há décadas assola aquele país do norte da África. O filme não aborda diretamente a guerra civil, centrando a trama no sexagenário Adam, ex-campeão de natação e funcionário numa piscina de um hotel de luxo no Chade.

Quando investidores chineses compram o hotel, Adam é instado a deixar a vaga para o filho. Ele não gosta da situação, que considera um declínio social. Em meio ao caos civil, o governo pede para a população enviar dinheiro para reforçar a luta contra os rebeldes, ou uma criança com idade de combater.

O líder do bairro pede para Adam a sua contribuição, mas Adam ele tem dinheiro. Só tem um filho...

DEBATE - Presentes ao pré-lançamento o Embaixador da França no Brasil, Yves Saint-Geours; o presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo; e o diretor de Um homem que grita, Mahamat-Saleh Haroun, participarão de um debate com os presentes, após a exibição da película.

"É neste clima de medo do futuro que tentei captar Um homem que grita. Quando se vê o mundo desabar em volta, quando as referências estão turvas, quando a pressão política e social é forte demais, acabamos em perder pé? (Mahamat-Saleh Haroun).

SERVIÇO
O quê: Pré-estréia do filme Um Homem que Grita, debate com diretor e coquetel.
Quando: 9 de novembro de 2010, às 19h.
Onde: Sala Le Corbusier, na Embaixada da França no Brasil - SES Qd 801, Lote 04
Quanto: Entrada franca

Não se esqueça de confirmar a presença pelo telefones (61) 3222-3878 ou (61) 3222-3871.

Clique aqui para acessar um trailer do filme: http://www.bonfilm.com.br/umhomemquegrita

Extraído da Fundação Palmares

TRAMPOLIM DO FORTE / COMENTÁRIO

Infância brasileira em perigo


A sala de cinema acomodou cerca de 100 pessoas durante a exibição de Trampolim do Forte

Daiane Souza

Na data em que se celebra o Dia Nacional da Cultura Negra, cerca de 100 pessoas assistiram ao filme Trampolim do Forte, dirigido por João Rodrigo Mattos. A exibição foi parte da programação do seminário Qual é a face negra da mídia?, promovido pela Fundação Cultural Palmares, que aconteceu nesta sexta-feira, 5 de novembro, no Museu Nacional Honestino Guimarães, em Brasília.

Produzido em Salvador, a capital mais negra do País, o longa-metragem retrata dramas sociais vividos por crianças e adolescentes, tais como exploração sexual, tráfico de drogas, pedofilia, preconceito, trabalho infantil delinqüência... E para João Rodrigo Mattos, não se trata apenas de uma construção cinematográfica, mas de um registro da infância brasileira na primeira década do século XXI.

ATORES MIRINS - Adailson Dias dos Santos, 14 anos, e Everton Wallace Machado Costa, 16, são atores do filme. Adailson, que interpretou o personagem Felizardo, conta que a atuação foi sua primeira experiência como ator e que mudou sua visão em relação ao local onde mora: "Cada uma das cenas me marcou muito, porque de muita coisa eu não sabia e porque mesmo sendo filme, é real".

No papel, Adailson é um garoto trabalhador que se sente explorado pela mãe, já que esta não usa o dinheiro conquistado para garantir o bem-estar da família. Já o personagem Fuleirinho, interpretado por Everton, vítima da sociedade, rouba para satisfazer as necessidades e usa Felizardo como uma espécie de "laranja do crime": inclui o garoto no universo da marginalidade, escondendo as carteiras que rouba no isopor que o amigo usa para vender picolés.

Everton compara o cotidiano do filme à comunidade onde vive. "Tudo o que acontece na história é o que acontece todos os dias na Barra. A polícia intimidando, a prostituição, o tráfico", conta. "Isso acontece porque o Estado ainda é muito cômodo. Enquanto as pessoas não lutarem, tudo vai continuar o mesmo", completa.

Para o diretor João Rodrigo Mattos, sua obra é uma oportunidade para que a sociedade reflita sobre os riscos a que as gerações mais jovens estão expostas. "Em dez anos, poderemos rever o filme e perguntar se algo mudou", provoca.

Trampolim lúdico ______________________________________________________

Denise Porfírio

Trampolim do Forte é uma obra de ficção de características marcantes da maravilhosa fábrica de filmes do Nordeste do País. A cultura, a história, a arquitetura, os hábitos e a geografia de Salvador são importantes elementos narrativos do enredo.

Menos produto de entretenimento e mais instrumento de consciência social, o roteiro, apesar de lúdico, aborda temas que provocam diálogo com o público por meio de uma reflexão sobre os ideais da infância no Brasil.

Baseado em experiências reais e protagonizado por crianças, a obra investe na idéia do cinema transformador de conceitos e atitudes em ações positivas para o espectador. Fruto de um jovem diretor, João Rodrigo de Matos, o trabalho reafirma a importância da produção cinematográfica sobre a cultura afro-descendente no País.

A obra, pelos expectadores:

"Gostei bastante do filme, porque mostra um pedaço do Brasil que está fora do eixo Rio/São Paulo" (Paulo Vítor, 25 anos).

"O filme é maravilhoso, por mostrar, de maneira sutil, a exploração que tanta gente ignora, ou faz que não vê" (Maria Gabriele, 13 anos).


Extraído da Fundação Palmares

As faces negras das mídias

Mesa de debates: Juliana Nunes (E), João Acaiabe, Jeferson De, João Rodrigo Mattos, Zulu Araújo,
Newton Canitto, Joel Zito Araújo, Chica Xavier e Pola Ribeiro.

Por Joceline Gomes

Grandes personalidades da arte e da cultura brasileiras participaram da abertura do seminário "Qual é a face negra da mídia?", que abriu a programação comemorativa do Dia Nacional da Cultura (05-11), no Museu Nacional Honestino Guimarães, em Brasília. O debate, mediado pelo presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, tocou em questões sociais polêmicas, motivando o público, que participou ativamente das atividades.

À mesa de abertura sentaram-se o roteirista e secretário de audiovisual do Ministério da Cultura, Newton Canitto; os cineastas Pola Ribeiro, João Rodrigo Mattos, Jeferson De e Joel Zito Araújo; o ator João Acaiabe e a coordenadora da Radioagência Nacional na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), jornalista Juliana Cézar Nunes. A presença ilustre da atriz Chica Xavier fez Zulu Araújo quebrar o protocolo e convidá-la a participar da mesa, devido à sua relevante participação no processo de construção da cidadania negra.

As discussões acaloradas contaram com perguntas e contribuições do público, em meio aos depoimentos dos convidados, que deveriam, com sua trajetória pessoal e profissional, responder à provocação do título do seminário: "Qual é a face negra da mídia?" Após o seminário, foi servido um típico almoço afro-brasileiro, seguido de filmes igualmente nacionais e de novos debates. Confira, abaixo, algumas opiniões dos participantes do seminário.

"É com a diversidade que apresentamos aqui na mesa deste seminário que precisamos militar e nos manifestar contra o racismo na mídia. Somente assim poderemos ter um país substantivamente democrático." (Zulu Araújo, presidente da Fundação Cultural Palmares).

"Hoje, nessa mesa, e em outras ações culturais e educacionais de que participo, me sinto fazendo alguma coisa, plantando na terra que deveria ser de Zumbi" (Chica Xavier, atriz, agradecendo a participação na primeira fala do seminário).

"Não podemos ser como os europeus e americanos, que ´toleram´ a diversidade. Devemos preservar e valorizar essa diversidade, característica do nosso País". (Newton Guimarães Cannito, secretário de audiovisual do Ministério da Cultura).

"A face negra da mídia é a mídia mais alternativa, produzida com esforço por grupos políticos e culturais diferenciados, que conseguem se posicionar com mais diversidade e verdade, falando ´eu sou assim, e assim eu me posiciono´ " (Pola Ribeiro, cineasta e diretor da TVE Bahia).

"É um erro estratégico fazer essa separação na mídia: de roteiristas negros escrevendo sobre negros. É importante que negros trabalhem com brancos, que não sejam produções isoladas" (Joel Zito Araújo, cineasta e pesquisador).

"A face negra da mídia é a face de quem está por trás das câmeras: roteiristas, produtores, diretores, etc. Não vou falar para brancos pararem de produzir. Eu apenas quero ter o direito de produzir também e de ser visto" (Jéferson De, cineasta).

"A face negra da mídia tem dois lados: o positivo, da alta produção sobre a questão racial; e o negativo, do preconceito velado, da discriminação na grande mídia, que ainda é controlada por interesses pessoais e comerciais e não discutem elementos contra o racismo" (João Rodrigo Mattos, cineasta).

"Fiz participações em filmes de diretores negros, mas qual a oportunidade que esses diretores têm de fazer filmes? Não adianta só conversar com professores ou com pessoas engajadas. É uma atmosfera que precisa ser criada contra o racismo na mídia" (João Acaiabe, ator).

"Precisamos combater o racismo que existe nas redações dos jornais e revistas, que se reflete nas pautas e nas fotografias. O número de jornalistas negros e de fotografias de negros em contextos diferenciados é ínfimo [...]. Precisamos exigir uma política de igualdade racial nas empresas de comunicação" (Juliana Cezar Nunes, coordenadora da Radioagência Nacional na Empresa Brasil de Comunicação - EBC).

Extraído da Fundação Palmares

Mostra de fotografia

Cultura afro-colombiana em Brasília


Para celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra, a Fundação Acua (Colômbia), a Fundação Essamba Home e a Fundação Cultural Palmares uniram-se para trazer ao Brasil a mostra Herança Africana: Retratos das mulheres africanas e afro-colombianas, da fotógrafa camaronesa Angèle Etoundi Essamba. O vernissage será dia 11 de novembro próximo, no Espaço Cultural Zumbi dos Palmares da Câmara dos Deputados (Brasília/DF).

Este grandioso registro fotográfico quebra estereótipos e exalta a mulher negra em suas diversas possibilidades: "alma da família", empresária, independente, bela e orgulhosa de si. As imagens de Angèle Etoundi Essamba refletem com maestria o contrapeso da simplicidade e da sensibilidade com a força e o poder dessas mulheres em suas atividades cotidianas.

Uma explosão de cores e formas retrata a harmonia das afro-colombianas com a natureza. Crianças, olhares, objetos, texturas; mulheres sérias, descontraídas, cansadas, trabalhando, em grupo... Tudo vira fonte de contemplação das lentes de Essamba, que capta o invisível aos olhos comuns para mostrar ao mundo a contribuição cultural e histórica dos negros africanos na América Latina.

A exposição visa resgatar essa herança, que é compartilhada pelos países latinos, com um olhar esteticamente renovado. Sua estreia em meio às celebrações do Mês da Consciência Negra não poderia ser mais emblemática e oportuna, pois a eloquência das imagens de Essamba reforça a necessidade de se descondicionar o olhar brasileiro sobre a história de sua população negra.

A FOTÓGRAFA _______________________________________________________________

A aclamada fotógrafa Angèle Etoundi Essamba nasceu em Duala, Camarões, mas mudou-se para Paris aos dez anos de idade. Estudou na Escola Profissional Holandesa de Fotografia, em Haia, e mantém uma oficina em Amsterdam. Entre as exposições de maior destaque, pode-se citar a Bienal de Havana (1994), a Bienal da África do Sul, em Johannesburgo (1995), a mostra Fest dês 3 Continents, em Nantes, França (1996), Dak´ART, no Senegal (2000 e 2002) e a Bienal de Bamako, em Malí (2001).

A FUNDAÇÃO PALMARES ______________________________________________________

Criada em 1988, a Fundação Cultural Palmares é uma instituição pública vinculada ao Ministério da Cultura que tem a finalidade de promover e preservar a cultura afro-brasileira. Preocupada com a igualdade racial e com a valorização das manifestações culturais de matriz africana, a Palmares formula e implanta políticas públicas para potencializar a participação da população negra no processo de desenvolvimento do País.

SERVIÇO
O quê: Exposição Herança africana: Retratos das mulheres africanas e afro-colombianas, da fotógrafa Angèle Etoundi Essamba
Quando: 11 de novembro a 02 de dezembro
Onde: Espaço Cultural Zumbi dos Palmares, da Câmara dos Deputados (Edifício principal)
Endereço: Praça dos Três Poderes, Brasília-DF.
Quanto: Entrada franca


Extraído da Fundação Palmares

Documentário sobre Pierre Verger

Boa pedida para ver e ouvir é o documentário Pierre Verger: O Mensageiro entre dois mundos, dirigido por Lula Buarque de Holanda que conta a trajetória do fotografo e etnógrafo Pierre Verger. Este documentário trata da ligação entre África e Brasil nos trabalhos de Verger, nele o fotografo é percebido com mensageiro entre os dois continentes pelo incentivo ao intercambio cultural, principalmente em relação ao candomblé. Ele revela em sua fotografias e textos, as semelhanças ritualísticas entre os povos dos dois continentes.
A narrativa é feita por Gilberto Gil, que faz um bom trabalho, principalmente por sua relação com o candomblé, o que favorece a condução do documentário. Gil entrevista personagens que vão desvendando pouco a pouco a relevância de Verger no entendimento e interpretação da cultura brasileira de matriz africana.
Em sala de aula o filme pode servir para incentivar um debate sobre a construção da identidade afro- brasileira, e principalmente afro- baiana, através da percepção religiosidade entendida como resistência.