quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A Coleção da História Geral da África- Conteúdo

Novo olhar sobre a África

Há pelo menos três milhões de anos, a África vem contribuindo com culturas, conhecimento, técnicas e tecnologias para o mundo. Tudo isso repassado ao longo do tempo não por tribos, como frequentemente se pensa a respeito dos povos africanos, mas por sociedades constituídas e organizadas.

Para disseminar entre a população brasileira e entre os países de língua portuguesa esse novo olhar sobre o continente africano, a UNESCO no Brasil, o Ministério da Educação, por intermédio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), lançaram no dia 9/12, em Brasília, a edição em português da Coleção História Geral da África.

A obra contribui para a disseminação da história e da cultura africana na educação brasileira, e também para a transformação das relações étnico-raciais no país. Principal material de referência sobre o assunto, a coleção completa foi editada em inglês, francês e árabe e, pela primeira vez, tem seus oito volumes disponibilizados em português.
O lançamento acontece durante o Seminário Nacional de Avaliação da Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais, promovido pela Secad, com o objetivo de debater as ações referentes à introdução da história da África e dos afro-brasileiros no currículo escolar.
Conteúdo
A obra conta a história da África a partir de uma visão de dentro do continente, usando uma metodologia interdisciplinar que envolve especialistas de áreas como história, antropologia, arqueologia, linguística, botânica, física, jornalismo, entre outros. Seu conteúdo permite novas perspectivas para os estudos e pesquisas a respeito da África e também para a disseminação das relações étnico-raciais no sistema de ensino brasileiro.
Os oito volumes que integram a coleção abordam o continente desde a pré-história  até a década de 1980, passando pelo Egito Antigo, por diversas civilizações e dinastias, pelo tráfico de escravos, pela colonização europeia e pela independência dos diversos países. A África é destacada como berço da humanidade e de contribuição fundamental para a cultura e a produção do conhecimento científico mundial. 
Além de apresentar uma história desconhecida da maior parte da população brasileira, a obra refuta ideias preconcebidas, como a que afirma que o deserto do Saara isolou norte e sul do continente. A partir do trabalho de pesquisa realizado para a elaboração da coleção, provou-se que, ao contrário, o deserto funcionava como espaço de intercâmbios, integrando o Antigo Egito à dinâmica do continente. Mostra, também, que a África manteve contatos permanentes com a Ásia, o Oriente Médio, a Europa e as Américas. Além disso, rompe com a ideia tradicional segundo a qual o continente africano era formado por tribos e não por uma sociedade organizada. 
Por ter um importante papel na diáspora africana – sendo o país que conta com a maior população originária da África – o Brasil integra alguns capítulos da coleção, que abordam a influência africana na cultura brasileira. Mas, dentro da perspectiva inovadora que a obra propõe, o outro lado também é mostrado: os negros  que retornaram ao continente após o período da abolição e levaram a cultura brasileira para países como Guiné, Nigéria, Benin e Togo, como  pode ser observado na técnica de arquitetura de construções. Além disso, eles tiveram uma influência social, política, econômica e de desenvolvimento nessas regiões.
A obra de quase 10 mil páginas foi construída ao longo de 30 anos por 350 pesquisadores, coordenados por um comitê científico composto por 39 especialistas, dois terços deles africanos.
Base para a transformação
A Coleção é base para pesquisas de especialistas e profissionais de todo o mundo que de alguma forma lidam com a história do continente, bem como subsidia  a formação de professores de diversas áreas do conhecimento. Além disso, é fonte para a produção de material pedagógico voltado para as escolas.
A iniciativa contribui para a implementação da lei 10.639/2003 (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de  História e Cultura Afro-Brasileira e Africana).
A Coleção da História Geral da África em língua portuguesa será distribuída pelo Ministério da Educação e estará à disposições dos interessados em todas as bibliotecas públicas municipais, estaduais e distritais; nas bibliotecas das  Instituições de Ensino Superior, dos Polos da Universidade Aberta do Brasil, dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, dos Conselhos Estaduais ou Distrital de Educação. Os oito volumes estão disponíveis para download nos sites da UNESCO e do Ministério da Educação.

Fonte http://www.unesco.org