quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Ubuso ou Máscara Africana

 


O ubuso é uma máscara utilizada no culto
africano para proporcionar boa sorte e protecção.
Nos últimos séculos miniaturas de ubusos e
ubusos em tamanho real têm vindo a ser cada vez
mais usados como amuletos ou talismãs como
símbolo protecção e fertilidade.
A maioria dos povos africanos dedica-se ao
pastoreio ou à agricultura. A aldeia de Bambara
dedica-se ao cultivo das suas colheitas de grão. As
suas manifestações artísticas estão intimamente
ligadas ao seu meio de sobrevivência. As mais
importantes amostras escultóricas representam
máscaras e figuras esculpidas para assegurar a
fertilidade dos seus campos e o cuidado dos seus
cultivos.
Os Bambara são um grupo Mandinka de mais de
um milhão de pessoas que habitam em Mali e
que se transformaram em excelentes e
reconhecidos artistas na arte do metal, do couro,
das tintas, da tapeçaria, dos objectos em esparto e
sobretudo nos trabalhos esculpidos na madeira.
As máscaras Bambara pertencem a 4 associações
de culto maior: N’domo, komo, kove e Try
voara. Estas sociedades tiram as suas máscaras
durante as estações húmida e seca, para rogar aos
deuses ajuda na sementeira e na recolecção das
colheitas do milho e nas celebrações relacionadas
com a chuva. Cada sociedade tem um tipo de
máscara diferente carregada de simbolismo. A
arte africana é multifuncional e compreende
numerosas facetas da vida: o governo, a religião,
a economia e também o entretenimento. As
celebrações de cerimónias e rituais com bailes e
máscaras tão enraizadas na cultura africana têm
uma dupla vertente: sacro-religiosa e de crenças e
outra estética e teatral.
Em Africa, a doença e a morte podem ser
imputadas a causas sobrenaturais. Os objectos de
arte, junto com as técnicas mágicas e rituais são
utilizadas para combater o infortúnio. Estes
objectos conhecem-se pelo nome de “fetiches”.
A escultura ou objecto de arte costuma ser
acompanhada por materiais diversos:
caranguejos, ossos de animais e cornos, dentes,
penas, parles de aves, tecidos, botões e pedaços de
metais. Este conjunto de objectos estranhos tem
um importante valor simbólico para os seus
proprietários e, segundo a sua crença,
influenciam o seu destino. 


Daniel Polcaro

 extraído do blog arte africana

Máscaras africanas II



MÁSCARAS AFRICANAS: Máscara. Arte fang. Museu do Homem, Paris.

As máscaras sempre foram as protagonistas indiscutíveis da arte africana. A crença de que possuíam determinadas virtudes mágicas transformou-as no centro das pesquisas. O fato é que, para os africanos, a máscara representava um disfarce místico com o qual poderiam absorver forças mágicas dos espíritos e assim utilizá-las em benefício da comunidade: na cura de doentes, em rituais fúnebres, cerimônias de iniciação, casamentos e nascimentos. Serviam também para identificar os membros de certas sociedades secretas.

MÁSCARAS AFRICANAS: Máscara de boi com mandíbula móvel. Arte ibibia. Museu do Homem, Paris.

Em geral, o material mais utilizado foi a madeira verde, embora existam também peças singulares de marfim, bronze e terracota. Antes de começar a entalhar, o artesão realizava uma série de rituais no bosque, onde normalmente desenvolvia o trabalho, longe da aldeia e usando ele próprio uma máscara no rosto. A máscara era criada com total liberdade, dispensando esboço e cumprindo sua função. A madeira era modelada com uma faca afiada. As peças iam do mais puro figurativismo até a abstração completa.
MÁSCARAS AFRICANAS: Máscara de dança. Arte ioruba-nagô. Museu do Homem, Paris.

Quanto à sua interpretação, a tarefa é difícil, na medida em que não se conhece sua função, ou seja, o ritual para o qual foram concebidas. Os colonizadores nunca valorizaram essas peças, consideradas apenas curiosidade de um povo primitivo e infiel. Paradoxalmente, a maior parte das obras africanas encontra-se em museus do Ocidente, onde recentemente, em meados do século XX, tentou-se classificá-las. Na verdade, os historiadores africanos viram-se obrigados a estudar a arte de seus antepassados nos museus da Europa.

ARTE AFRICANA: Máscara. Arte pendê. Museu da África Central, Tervuren.

O auge da arte africana na Europa surgiu com as primeiras vanguardas, especificamente os fauvistas e os expressionistas. Estes, além de reconhecer os valores artísticos das peças africanas, tentaram imitá-las, embora sempre sob a ótica de suas próprias interpretações, algo que colaborou em muitos casos, para a distorção do verdadeiro sentido das obras. Entre as peças mais valorizadas atualmente estão, apenas para citar algumas, as esculturas de arte das culturas fon, fang, ioruba e bini, e as de Luba.

ARTE AFRICANA: Rosto de uma cabeça de duas faces. Arte ibibia. Coleção Hélène Kamer, Paris.
O fato de os primeiros colonizadores terem subestimado essas culturas e considerado essas obras meras curiosidades exóticas, provocou um saque sem sentido na herança cultural desse continente. Recentemente, no século XX, foi possível, graças à antropologia de campo e aos especialistas em arte africana, organizar as coleções dos museus europeus. Mas o dano já estava feito. Muitos objetos ficaram sem classificação, não se conhecendo assim seu lugar de origem ou simplesmente ignorando-se sua função.

Amanda Morais - 4º P.P.

A máscara africana

A função ritual, liturgica e simbolica da máscara africana é um assunto muito falado mas pouco conhecido, sociedades secretas africanas, cultos abertos, rituais, etc.
A utilização de máscaras em cerimoniais é prática comum há milhares de anos. As máscaras são de fundamental importância nos rituais, sejam de iniciação, de passagem, ou de evocação de entidades espirituais. As máscaras apresentam-se, também, como elementos de afirmação étnica, expondo características particulares de cada grupo. Assim, existe uma enorme diversidade de formas, modelos, técnicas de confecção e aplicações.

Normalmente, a máscara é apenas um dos elementos utilizados nas cerimônias e rituais, havendo a combinação com outras manifestações, como dança, música e instrumentos musicais. Aparece ainda o uso de máscaras associado a objetos de cunho animatista, como amuletos.

Na África, o artífice, antes de começar a esculpir uma máscara, passa por um processo de purificação, com reza aos espíritos ancestrais e às forças divinas. Tal prática faria com que a força divina fosse transferida para a máscara durante o processo de manufatura.

Se no passado era prática generalizada, o uso de máscaras rituais teve um enorme declínio nas últimas décadas. Entretanto, a manufatura e o emprego deste objetos continua sendo um aspecto fundamental na identidade de vários grupos étnicos africanos. Por isso, já existem pessoas que trabalham pela preservação deste hábito milenar.

A máscaras são empregadas, basicamente, em eventos sociais e religiosos. Além de representarem os espíritos ancestrais, em alguns casos objetivam o controle de forças espirituais das comunidades para um determinado fim, sejam estas forças benéficas ou malignas.

A matéria prima utilizada na elaboração das máscaras é diversificada. Entretanto, é a madeira a matéria prima mais comum. Isso porque os artífices acreditam que as árvores possuem uma alma, um espírito. A madeira seria interpretada como um receptáculo espiritual, sendo que parte dessa essência animista é transferida para a máscara, conferindo ao seu portador alguma espécie de poder. Na visão de muitos antropólogos, se trataria de um conjunto de forças invisíveis que atuam diretamente no controle social. 

As informações acima foram tiradas do blog bliblioafro Griot, que dá a indicação de um bom livro para quem quiser saber mais do assunto. É o livro African Masks de Franco Monti e Paul Halym de 1969.