quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A cor da cultura

A Cor da Cultura

A Cor da Cultura é um projeto educativo de valorização da cultura afro-brasileira por meio de programas audiovisuais, fruto de uma parceria entre o MEC, Fundação Cultural Palmares, Canal Futura, Petrobras e Centro de Informação e Documentação do Artista Negro (CIDAN). Iniciado em 2004, o projeto está apoiado na Lei 10.639/03, que estabelece o ensino da história da África e dos negros nas escolas brasileiras.

Está em sua segunda fase.

O projeto é composto pelos seguintes programas:
HERÓIS DE TODO MUNDO –
DVD’s que têm o papel de difundir a história de heróis negros que não constam nos livros de história e que consagram a presença do negro no Brasil, para além do período escravocrata. Cada vídeo tem duração de um minuto e trinta segundos.

MOJUBÁ – DVD’s que mostram a riqueza do patrimônio dos afrodescendentes e sua relação com os movimentos de resgate da cultura local e hábitos atuais do povo brasileiro. São manifestações populares que fazem parte da herança cultural africana que moldou a identidade brasileira por meio de ritos, festas, tradições. São abordadas especialmente a culinária, a literatura e a história.

LIVROS ANIMADOS – Incentivar a leitura e difundir entre crianças e educadores de todo o país lendas e contos africanos e afro-brasileiros, bem como a produção dos principais autores e ilustradores nacionais, por meio de animação da história original e ilustrações dos respectivos livros produzidos recentemente.

NOTA 10 – Consiste em programas de televisão, veiculados pelo Canal Futura, da Fundação Roberto Marinho, voltados a educadores e pais, que apresentam diferentes metodologias de ensino em que são registrados o trabalho de educadores e escolas que participaram do projeto na Fase 1.

MetaO projeto tem como meta a formação de 3000 multiplicadores das redes de ensino, ONGs e Pontos de Cultura, com repasse de metodologia para seis estados distintos com a reprodução dos kits educativos Amazonas, Ceará, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e Pernambuco.

Resultados da Fase 1- Implementação em 31 secretarias municipais de educação para o atendimento do ensino fundamental;
- Distribuição de kits para 2 mil instituições participantes;
- Formação de 3 mil educadores nas capacitações;
- 90 mil alunos beneficiados;
- 23 milhões de espectadores por meio do Canal Futura;
- Milhões de espectadores acessaram os conteúdos pela exibição dos programas na TVE, TV Escola, Canal Brasil e TV Salvador.

Resultados originários para além das metas estabelecidas- Distribuição pelo MEC/ TV Escola de 75 mil caixas de DVDs para escolas públicas com programas A Cor da Cultura;
- Distribuição pelo MEC/Secad de mil kits A Cor da Cultura para escolas-pólo;
- Capacitação customizada para educadores de Educação Infantil (segmento não-previsto no projeto) nas prefeituras de São Luís, Campinas, Santo André e Porto Alegre;
- Capacitação de 80 educadores do Movimento dos Sem Terra (MST) para atender 2.300 escolas públicas;
- Inclusão de educadores de cursos de extensão e de formação de professores na Universidade de São Paulo (USP), na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e na Universidade Federal de Sergipe (UFS);
- Capacitação específica para a Rede Educafro, que gera 80 cursos pré-vestibulares comunitários na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ);
- Distribuição pela TV Globo de 2 mil kits para escolas do projeto Amigos da Escola;
- Capacitação de educadores de todas as 40 escolas da Fundação Bradesco e de 16 escolas Sesi e Senai no Rio de Janeiro.

Mais informações pelo site http://www.acordacultura.org.br/

  extraído do www.portaldaigualdade.gov.br

São Jorge da Mina

A fortaleza de São Jorge da Mina foi construída com o objetivo de escoar e defender o ouro que das ricas regiões auríferas do interior era enviado para o litoral. Posteriormente, torna-se o primeiro entreposto de escravos da era moderna


Castelo de São Jorge da Mina, Gana.

Castelo de São Jorge da Mina, também designado por Castelo da Mina, Feitoria da Mina, e posteriormente por Fortaleza de São Jorge da Mina, Fortaleza da Mina, ou simplesmente "Mina", localiza-se na atual cidade de Elmina, no Gana, no litoral da África Ocidental. Após a sua ocupação pelos Holandeses em 1637, o seu nome passou a figurar na cartografia apenas como Elmina.

Erguida em 1482, foi a primeira grande construção européia na África tropical. Para várias tribos e numerosos reinos, Elmina simboliza o holocausto provocado pelo tráfico negreiro. Para as nações européias que exploraram a costa africana, como Portugal, Holanda, Inglaterra, Dinamarca, Suécia e Alemanha, o lugar foi fonte de riquezas durante 400 anos. De lá saiu o ouro que financiou as navegações portuguesas no século XVI. E os escravos que fizeram prosperar as usinas de açúcar do Brasil.

A Costa do Ouro

Apesar de desconhecida pelos europeus até o século XV, a Costa do Ouro figura em textos árabes desde o século VII. A descrição mais detalhada do local foi feita em 1068, por um geógrafo cordobês chamado Abu Ubaid Abdala ibn Abd el-Aziz ibn Mohammed ibn Ayyub al-Bakri. Os árabes negociavam com os africanos muito antes dos portugueses.

Por volta de 1460, a exploração da costa africana principiou a render frutos. Nas décadas seguintes, a Coroa portuguesa empreendeu a construção de feitorias, entrepostos comerciais fortificados, de modo a intensificar o comércio de produtos europeus por gêneros como o ouro, especiarias e escravos. Adicionalmente, estas estruturas proporcionavam segurança e apoio às atividades de navegação e descobrimentos na costa ocidental africana.

Em 1469, Afonso V de Portugal (1438-1481), arrendou a exploração da costa da Guiné, na forma de monopólio comercial, por cinco anos (mais um ao fim do contrato). O primeiro arrematante foi um comerciante de Lisboa, Fernão Gomes, que, além da renda, ficava obrigado à descoberta anual de 100 léguas da costa, a partir da Serra Leoa. Foi durante a vigência desse contrato, que se alcançou a região da Mina. Por essa razão, aquele trecho do litoral passou a ser designado como Costa do Ouro nos mapas da época.

Um negócio lucrativo e arriscado

Imagine o oeste da África no final do século XV: um grande ajuntamento de tribos primitivas numerosas, que agregavam nativos facilmente aprisionáveis por inimigos tecnologicamente muito superiores. O sonho de um escravagista europeu. Pois é. Só que os portugueses não encontraram nada disso na Costa do Ouro. O que havia ali eram reinos organizados, com grandes populações e agricultura desenvolvida, acostumados ao comércio, pois negociavam sal e ouro com árabes desde o século VII.


Carta náutica de Fernão Vaz Dourado, da África
ocidental extraída do atlas náutico de 1571, pertencente
ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa.

Comprar barato e vender caro. Essa era a cartada dos europeus para obter ouro, a única mercadoria que lhes interessava na África até o século XVI. Um negócio da China — quer dizer, da África. Cientes dos gostos dos nativos, os portugueses levavam ouro e davam escravos, roupas árabes e artigos de cobre e latão, como colares, panelas e "bacias de urinar". Os penicos eram um sucesso absoluto no escambo. Só em Elmina mais de 270 000 foram trocados por ouro entre 1504 e 1582.

Esses povos, como os ashantis, os fantis e os akans, viviam em pé de guerra uns com os outros. É que, para eles, a riqueza se media principalmente pelo número de súditos do reino. A maneira mais prática de conseguir gente era atacar uma outra tribo e escravizar seus habitantes. Da noite para o dia, viajantes, nômades e populações inteiras de aldeias próximas às fronteiras de reinos e tribos viravam escravos.

Os lusos não tinham concorrentes europeus, mas, em compensação, dependiam de humores políticos instáveis para poder negociar o ouro com sossego — além de abastecer seus fortes. Diplomáticos, em 1480 conseguiram aliar-se a um desses reinos, o dos akans, da bacia do Rio Volta, que lhes cedeu o terreno para a construção de Elmina.

Mas a população recebeu-os com um pé atrás. Era a primeira vez que estrangeiros se instalavam na terra. Os akans temiam que os forasteiros se intrometessem em seus assuntos internos. Por isso deixaram bem claro que a cabeça-de-praia era alugada, não vendida. Nos anos seguintes, muitas vezes os europeus foram ameaçados e tiveram que pagar tributos extras quando um reino do interior conquistava um da costa.

A perda da confiança dos reis poderia representar o fim de um forte e quilos de ouro a menos para a Coroa. A necessidade de preservar a política de boa vizinhança era tanta que fazia parte do regulamento de Elmina "manter a paz com os negros". O que, é claro, incluía distribuir presentes. Em 1520, por exemplo, o monarca do reino de Wassa recebeu dos portugueses uma túnica árabe, um gorro vermelho e um penico. Apesar do esforço, motins e ataques aconteceram várias vezes.

O Castelo de São Jorge da Mina

Com a subida ao trono de João II de Portugal (1481-1495), este soberano determinou a construção de um novo entreposto, visando proteger o comércio do ouro naquele litoral. Para esse fim, nos primeiros meses de 1482 uma expedição de onze navios partiu de Lisboa, sob o comando de Diogo de Azambuja, transportando uma tropa de 600 homens - apoiados por uma centena de pedreiros e carpinteiros - e material de construção como lastro nos navios - pedra lavrada e numerada, gesso e cal. Outras fontes apontam a data de partida como 12 de Dezembro de 1481, com a chegada um mês depois. A sua missão era erguer uma fortificação com funções de feitoria, o chamado Castelo de São Jorge da Mina, posteriormente denominado como Castelo Velho da Mina, na foz do Rio Benya.


Vista do Castelo da Mina pelo lado noroeste a
partir do rio (Atlas Blaeu van der Hem, séc. XVII).

Ali passaram a ser trocados trigo, tecidos, cavalos e conchas ("zimbo"), por ouro (até 400 kg/ano) e escravos, estes com intensidade crescente a partir do século XVI. Em cerca de vinte dias foram erguidas as paredes da torre, uma cerca e algumas casas. Ao abrigo da fortificação-feitoria desenvolveu-se um núcleo urbano geminado, informalmente denominado como "Duas Partes", um habitado por europeus, outro por nativos. A povoação de São Jorge da Mina recebeu Carta de Foral em 1486.

O primeiro comandante do forte-feitoria foi o próprio Diogo de Azambuja, entre 1482 e 1484. Entre os seus comandados, na ocasião, encontrava-se o marinheiro genovês Cristóvão Colombo. Posteriormente o comando foi ocupado por elementos ilustres no reino, nomeados por períodos de três anos. Estes oficiais tinham vastos poderes outorgados pela Coroa, ainda que sujeitos a um rígido regimento, de forma a coibir o contrabando do ouro ou a prática de outras atividades ilícitas. A sua autoridade estendia-se a outros entrepostos fundados posteriormente naquela costa, como os de Axim (Axém), Osu, Shema (Shamá), Waddan, Cantor e Benim.

Por volta de 1550, calcula-se que os portugueses tirassem de lá 310 quilos de ouro por ano. Na época, o tráfico de escravos funcionava ao contrário: os lusos levavam quinquilharias e escravos negros de outras regiões, como a costa do Benin, para os reis locais em troca do metal. Em 1500, 10% das reservas mundiais de ouro provinham da região.

Ao longo do século XVI, ataques de corsários franceses às embarcações portuguesas no regresso da Índia, da Mina e do Brasil tornaram-se freqüentes. O mesmo se registrou com relação à Inglaterra, com quem foi assinado um tratado em 1570.

O castelo vira uma senzala

A tranqüilidade dos portugueses na Costa do Ouro acabou no final do século XVI. De olho nos lucros fabulosos com o ouro africano, holandeses, ingleses e dinamarqueses começaram a construir seus próprios fortes. Para piorar, a descoberta do metal precioso pelos espanhóis no México e no Peru fez seu preço despencar na Europa.

Além disso, por volta de 1620, a Mina portuguesa começou a secar. Sem ouro, os europeus mudaram o rumo do negócio. Em vez de levar escravos negros do Benin para trocar por metal com os chefes locais, passam a exportá-los para as cada vez mais lucrativas plantações de cana-de-açúcar, algodão e tabaco das colônias americanas, como o Brasil.

O monopólio lusitano da Costa do Ouro foi quebrado em 29 de Agosto de 1637, quando uma frota holandesa tomou a Fortaleza de São Jorge da Mina, após cinco dias de resistência. As tropas holandesas eram formadas por mercenários europeus e tapuias, índios brasileiros de língua jê que haviam se aliado ao conde Maurício de Nassau durante a invasão holandesa de Pernambuco.


Fortaleza de São Jorge da Mina e Castelo no monte de S. Tiago (1750).

Os Holandeses fizeram de São Jorge da Mina a capital da Costa do Ouro Holandesa, e rebatizando o forte como Fort de Veer, Fort Java, Fort Scomarus e Fort Naglas, procedendo-lhe obras de reforço e de ampliação. A partir de então, o castelo tornou-se um pólo exportador de mão-de-obra escrava para o continente americano.

Para garantir o controle do tráfico de escravos, os holandeses também tomaram o forte português de Shama, em 1638, e outros entrepostos portugueses na África, São Tomé, Benguela e Luanda, em 1641. Era o fim de 160 anos de dominação portuguesa. Para negociar escravos em Elmina, traficantes brasileiros e lusos passaram a pagar imposto aos holandeses. Entre os séculos XVII e XVIII, o comércio de escravos atingiu o pico: a média anual de escravos embarcados na Costa do Ouro variava entre 10 000 e 35 000 indivíduos, segundo o historiador ganês Kwesi Anquandah. Só no século XVIII, a região exportou cerca de 677 000 negros para as Américas, boa parte por Elmina.

Os escravos vindos da Costa do Ouro chegaram ao Brasil em maior número entre 1700 e 1775. Apesar de pertencerem a diversas etnias, receberam todos o nome genérico de "negros da mina" ou "minas", por terem sido embarcados no porto de Elmina. Eram prisioneiros de guerra, bem pouco dispostos a suportar calados a escravidão. Os minas participaram de todas as revoltas de escravos do século XVIII e da formação de inúmeros quilombos. Eram destemidos e pouco obedientes. Também tinham aversão a trabalhos pouco higiênicos. Um povo mina, os akans — em cujo território foi construído o castelo de Elmina —, protagonizou um caso raro de final feliz. Desembarcados no Suriname, fugiram para o interior da selva, onde reconstruíram sua antiga sociedade. Hoje são chamados de maroons e ainda vivem na Amazônia surinamesa.

Do século XIX aos nossos dias

O tráfico rendeu à Europa e suas colônias lucros gordos e mão-de-obra farta até 1850, quando a Inglaterra passou a adotar medidas duras para reprimi-lo — entre elas, capturar navios negreiros.


Ataque britânico a Elmina (1873).

Em 1873 o forte foi conquistado pelos britânicos. Em 1957, quando a República de Gana tornou-se independente, seu controle passou para os africanos. A estrutura da fortificação foi reconhecida pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade em 1979.

O monumento sofreu uma ampla intervenção de restauração e conservação a cargo do governo de Gana na década de 1990 e, atualmente encontra-se aberto à visitação turística. Em vez de escravos, o velho castelo hoje recebe estudantes barulhentos e meia dúzia de turistas.

Fontes: Revista Super Interessante / Wikipédia / Revista Além Mar

 retirado integralmente do blog civilizações africanas de |Valter Pitta

Evento

Oi caros amigos, estive  fora por um mês em um paraíso sem celular e internet, mas agora retorno renovada para nossos estudos de àfrica, faço parte do grupo de estudos africanos do blog café história e encontrei este informativo lá, repasso para vocês. A pessoa que postou no café história chama-se Maysa Spíndola.
  "O campo de estudos africanos vem se desenvolvendo rapidamente no Brasil nos últimos anos. Tal desenvolvimento pode ser vislumbrado na ampliação do número de professores especialistas nos departamentos de universidades públicas e privadas, no aumento significativo do número de doutorados defendidos relacionados com a área e no surgimento de espaços de debate e discussão das pesquisas em âmbito regional e nacional.
Assim, pretendendo estabelecer um fórum permanente de discussão de temas relativos à história da África, e fomentar a consolidação deste amplo campo de pesquisas, o NEAF (Núcleo de Estudos Brasil-África) e o Departamento de História da Universidade Federal Fluminense convidam pesquisadores em vários níveis de formação à participar do Primeiro Encontro Internacional de Estudos Africanos da UFF, em Niterói nos dias 24, 25 e 26 de maio de 2011."

As inscrições são gratuitas e o evento não fornece cobertura de custos aos participantes. A chamada de trabalhos para o Encontro estão abertas até o dia 21 de fevereiro.
Os resumos expandidos (de até 4,5 mil caracteres) deverão ser enviados para o endereço de e- mail semanadaafricauff@yahoo.com.br, na formatação: Arquivo “.doc” ou “.odt”; fonte Times New Roman, tamanho 12; espaço entre linhas de 1,5. No resumo deverá constar o nome do/a autor/a, sua filiação institucional e o maior nível de formação. Os aceites dos trabalhos serão enviados entre os dias 28/02 e 04/03/2011."